11
Na morte seremos
o que perdemos,
o que já fomos
antes de sermos.
Apenas na morte
seremos
o que somos,
quem fomos
antes de conhecê-la.
As 30 peças de Os acasos persistentes compõem um dos mais consistentes e bem realizados mosaicos de nossa poesia recente. Herdeiro do rigor cabralino, mas desdobrando-o em territórios diversos dos percorridos por João Cabral, Cláudio Neves elabora um livro em que os poemas se encadeiam e se encandeiam em torno da temática amorosa, alimentados pela memória no seu intérmino embate contra a dissipação e a morte. Cláudio afirma, num dos (muitos) belos versos da obra: “dizemos ser à falta de outro nome”. Como todo efetivo criador, ele sabe que a poesia é o reino de assédios e aproximações que jamais se concretizam, pois sempre hão de faltar nomes para estancar a sede do artista.
Antonio Carlos Secchin
Nenhum comentário:
Postar um comentário