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A morte não é nada.
Morrer é que não parece certo:
como numa casa abandonada
o que inquieta é seu portão aberto.
A morte não é nada
se pensada em eras:
o que dói é a caixa arrumada
com o que ninguém quis de nossos objetos.
A notícia do livro
guardado pelo neto,
a sobrevida de um sorriso
no retrato sobre o rack.
O paradeiro do que fomos:
a idade com que nos lembram,
nossa imagem ferindo um sonho alheio,
a cama doada, ou sempre coberta.
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