quinta-feira, 29 de julho de 2010

26

Se mais se teme o amor do que a morte,
se mais se teme a espera do que a voz,
é porque fundo e além do que chamamos nós
habita alguma coisa que nos sabe.

Se pura ou maculada de quem somos,
se lâmina, se linfa, se tão pronta
a nos cindir ou condensar em outro,
é porque desde sempre em nós não cabe.

Sentimos que se agita em frente ao mar
e silencia em face de outro corpo,
às vezes de uma cor ou de um piano.

Sabemos que por fim reclamará
o que dizemos ser à falta de outro nome,
aquilo que em nós é, mais que nós, humano.

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