19
(dois sonhos)
I
Às vezes lembrava, às vezes não.
Lembrava a casa entre as papoulas,
a casa branca, antiga, sem chão.
Nas noites de não, ela o visitava.
Lembrava às vezes que flutuara
no campo em torno e sobre um cão
de olhos vazados vertendo som.
Às vezes lembrava, às vezes não.
Lembrava a menina de short, descalça,
correndo na chuva em torno da casa.
Nas noites de não, ela o visitava.
Nas noites de não, ela o sonhava,
ele menino, ele e um cão
olhando juntos a enxurrada.
II
Lembrava às vezes, às vezes não.
Nas noites de não, ele a sonhava,
entrando molhada, afagando um cão.
Nas noites de não, ela o sonhava,
depois não lembrava, a não ser de um vão,
quente e oculto sob a antiga escada.
Às vezes lembrava, às vezes não,
senão que sentia, quando acordava
que flutuara, dissera um não.
Nas noites de não, se visitavam.
Os corpos trêmulos, sob a escada,
os corpos ungidos por aquela casa,
por aquele nada dos olhos de um cão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário